Projeto que investigou a separação de nicho entre frugívoros na FLONA do Amapá é concluído com suces
A florestas tropicais são os ambientes de maior biodiversidade do mundo. Para que duas ou mais espécies partilhem o mesmo ambiente, elas precisam se diferenciar de alguma forma. Essa diferenciação entre as espécies, em ecologia, é chamada de separação de nicho. O processo de consumo de frutos é importante, tanto para os animais, quanto para as árvores nas quais estes se alimentam. Os animais se beneficiam através do alimento, enquanto as plantas se beneficiam pelo fato dos animais conduzirem suas sementes para outros locais, onde elas tem maior chance de se tornar plantas adultas.
O estudo realizado na FLONA do Amapá procurou entender as formas nas quais os animais frugívoros e as árvores nas quais eles se alimentam se diferenciam, fator importante para explicar a diversidade das florestas tropicais. Nós encontramos que quanto maior o frugívoro, mais duro e pesado são os frutos que eles consomem. Frugívoros maiores também consomem frutos com menores sementes. Também verificamos que frutos menores são mais frequentemente ingeridos pelos animais, o que viabiliza a dispersão das suas sementes. Observamos também que as aves chegam mais cedo que os primatas nas árvores para consumir os frutos. Além disso, as árvores de maior porte, que produzem frutos mais duros, marrons, pretos ou roxos são visitadas por um maior número de frugívoros. Dessa forma, concluímos que peso, dureza e cor dos frutos, tamanho das sementes e o porte das árvores são mecanismos de diferenciação entre as árvores, enquanto o tamanho corporal e o horário de visitação às árvores são os mecanismos de diferenciação entre os frugívoros. Esses resultados fazem parte de uma artigo que será submetido a revistas de alto impacto na área de biodiversidade e serão defendidos pelo mestrando Felipe Todeschini no final de fevereiro.